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Tudo sobre a visita à CASA DE ANNE FRANK, em Amsterdã.

Pra mim, viajar é muito mais do que comprar as passagens, reservar o hotel e fazer as malas! Envolve também uma detalhada preparação sobre o lugar que vai ser visitado. Por isso, durante a organização da nossa viagem para Amsterdã, decidi que estava mais do que na hora de finalmente ler uns dos livros mais comentados de todos os tempos: O DIÁRIO DE ANNE FRANK.

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(foto by Marina Tork)

Não queria por nada entrar na famosa atração da capital holandesa sem mergulhar a fundo na história impressionante dessa garotinha que influenciou e influencia até hoje tanta gente e que documentou tão bem a experiência absurda que foi viver o Holocausto!

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“Recordações valem mais do que vestidos” (Anne Frank). Concordo totalmente com você, Anne! Se ela vivesse nos dias atuais com certeza seria blogueira!!!

A história…

A Anne era uma adolescente judia, que nasceu na Alemanha, mas que, desde os quatro anos de idade, vivia em Amsterdã com sua família (seu pai Otto Frank, sua mãe Edith e sua irmã mais velha Margot), quando fugiram de lá por conta da perseguição nazista imposta por Hitler.

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Ela começou a escrever seu famoso diário quando tinha apenas 13 anos (os escritos são de 12 de junho de 1942 a 1º de agosto de 1944). Ele foi, por sinal, um presente de aniversário de seu pai.

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O Diário e as primeiras palavras nele escritas: “Espero poder contar tudo a você, como nunca pude contar a ninguém, e espero que você seja uma grande fonte de conforto e ajuda” (Anne Frank, 12 de junho de 1942)

Quando a Alemanha invadiu o território holandês e o cerco aos nazistas chegou à Amsterdã, seu pai teve a ideia da família fingir ter abandonado o país, quando, na verdade, passaram todos a viver secretamente em um anexo escondido dentro da empresa de temperos da qual era sócio, localizada no bairro Jordann. Esse lugar ficou conhecido como: o ANEXO SECRETO!

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Empresa de Otto Frank onde ficava o Anexo Secreto (de azul)
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Pra entender o Anexo Secreto por dentro…
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Entrada do Anexo Secreto (que ficava escondido atrás dessa estante, no sótão do escritório de Otto).

A família Frank morou por lá por dois anos, juntamente com outros quatro judeus (o dentista Fritz Pfeffer e a família van Pels: Hermann, Auguste e o adolescente Peter) e, para esse ousado plano dar certo, contavam com a ajuda de alguns dos funcionários do escritório da empresa, que lhe forneciam alimentos, roupas e livros.

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Os outros moradores do Anexo (Família van Pels e Fritz Pfeffer) e os funcionários do escritório que ajudavam os escondidos (Miep Gies, Johannes Kleiman, Victor Kugler e Bep Voskuijl).

No diário, Anne, além de relatar todos os conflitos, dúvidas e sentimentos típicos de adolescente, narra os momentos que passou no confinamento, todas as dificuldades que foi viver de forma tão limitada, sem poder sair, nem fazer barulho e com pouca comida, além de toda a tensão que rolava entre os moradores do esconderijo.

“A atmosfera é sufocante e pesada como chumbo. Lá fora não se ouve um pássaro, e um silêncio mortal e opressivo paira a casa e se gruda em mim, como se fosse me arrastar para as regiões mais profundas dos abismos subterrâneos. […] Ando de cômodo em cômodo, subo e desço escadas e me sinto um pássaro de asas cortadas, que fica se atirando contra as barras da gaiola. “Me deixem sair para onde existem ar puro e risos!”, grita uma voz dentro de mim. Nem mesmo me incomodo em responder, só fico deitada no divã. O sono faz o silêncio e o medo terrível irem embora mais depressa, ajuda a passar o tempo, já que é impossível matá-lo.”

(O Diário de Anne Frank)

A última anotação de Anne foi em 1º de agosto de 1944, três dias antes dos oito moradores do Anexo Secreto serem surpreendidos pelos militares e presos. Até hoje não se sabe quem os delatou!

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Após a prisão, todos foram encaminhados para diferentes campos de concentração, sendo que Anne fora para Bergen-Belsen, um campo de concentração que se localizava no norte da Alemanha.

Algum tempo depois de lá chegar (acredita-se que entre fevereiro e março de 1945), Anne morreu de tifo, poucos meses antes de completar 16 anos e da II Guerra acabar e os prisioneiros serem libertados!

Otto Frank foi o único sobrevivente de todo o grupo dos moradores e, assim que a Guerra acabou, ele retornou ao antigo escritório e sua funcionária Miep lhe entregou o diário que havia recolhido e guardado desde o fatídico dia da prisão.

No Diário, Anne falou de seu desejo de que, após a guerra, seus escritos fossem publicados, e, para realizar a vontade da filha, Otto Frank não mediu esforços.

“Quando escrevo, sinto um alívio, a minha dor desaparece, a coragem volta. Mas pergunto-me: escreverei alguma vez alguma coisa de importância? Virei a ser jornalista ou escritora? Espero que sim, espero-o de todo o meu coração! Ao escrever sei esclarecer tudo, os meus pensamentos, os meus ideais, as minhas fantasias”.

(O Diário de Anne Frank)

Em 1948, o Diário foi publicado pela primeira vez e não demorou muito tempo para ele se tornar um grande sucesso, sendo traduzido em diversas línguas e se transformando em filmes e peças pelo mundo afora.

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No ano de 1960, o prédio que serviu de esconderijo tornou-se um museu e passou a ser conhecido como A CASA DE ANNE FRANK (ANNE FRANK HUIS, em holandês).

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Otto Frank esteve à frente da Fundação Anne Frank, do museu e de inúmeras causas humanitárias até sua morte, em 1980.

“O que passou, já não podemos mudar. A única coisa que podemos fazer é aprender com o passado e compreender o que significam a discriminação e a perseguição de gente inocente. A minha opinião é que todos temos a obrigação de combater os preconceitos”.

(Otto Frank, em 1970)

Como foi a visita…

Pus os pés em Amsterdã e a primeira atração agendada era logo A CASA DE ANNE FRANK. Estava ansiosa demais pra ver com meus próprios olhos esse lugar tão emblemático e que, ao ler o livro, fazia parte apenas da minha imaginação.

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A Casa!
Pronta pra começar um momento tão esperado!

Chegamos e não tive como não me assustar com a fila quilométrica que dobrava o quarteirão. Pra minha sorte, segui a diga da maioria dos blogs e comprei o ingresso antecipado pela internet.

Entrei, guardei a câmera e o celular (é estritamente proibido usá-los durante a visita! Já vi gente postando fotos e vídeos nas redes sociais e fiquei impressionada com o desrespeito e desobediência), peguei meu Audio Guide (o legal é que tem em Português também!) e começou a visita!

Logo no início, temos acesso à uma exposição que trata do Nazismo, do Holocausto e um breve resumo da história da Anne e sua família, com citações nas paredes de trechos do diário, muitos documentos, fotos e vídeos, tudo junto com as explicações que são passadas no Audio Guide.

Fiquei tão compenetrada, vendo e lendo tudo, que até levei um susto quando o áudio me avisou que essa parte tinha acabado e que ia começar o tour pelo Anexo Secreto! Não foi fácil cair a ficha de que eu estava finalmente em frente à essa porta aqui, óóh…

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A emoção de estar aqui! (foto da internet)

E daí em diante foi só emoção! Toquei nas paredes e fixei meus olhos em tudo, pra não esquecer aquele momento (=tirar fotos mentais!).

Uma coisa que me chamou a atenção (e que eu nem imaginava) é que no museu os cômodos da casa não tinham móveis, apenas alguns objetos pregados na parede (como posters e fotos originais no quarto da Anne, que pertenciam à ela). Li depois que sai de lá que essa foi uma decisão do pai da Anne.

As fotos a seguir foram tiradas do site da Fundação Anne Frank e reproduzem como era o Anexo, com seus móveis e mil coisas usadas pelos moradores do lugar.

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Quando o tour pelos cômodos do Anexo terminou, logo avistei ele, a razão e o que nos permitiu estar ali: o Diário!

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O Diário original!

Descemos uma escada e chegamos à uma sala em que ficam passando vários vídeos falando da história da Anne, com depoimento de pessoas famosas e de inúmeras outras pessoas pelo mundo, explicando a importância desse livro para elas. Foi nessa hora que, sentadinha ali, tentando assimilar tudo o que eu tinha acabado de viver, que o Rodrigo me perguntou se tava tudo bem e eu: buáááá…. Me desatei a chorar! Como eu passei o tour inteiro segurando esse choro, super emocionada pela experiência que estava vivendo, é claro que uma hora isso iria acontecer!

Saindo de lá, fomos passear pelos arredores e ver a estátua da Anne que fica a poucos metros, em frente à igreja Westerkerk.

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Estátua da Anne Frank (Prinsengracht, 281)

Informações sobre o Museu Anne Frank…

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Filas dobrando o quarteirão no dia em que eu fui!

O Museu Anne Frank fica no bairro do Jordaan, nos números 263-267 da rua Prinsengracht.

Por conta de toda o sucesso da história da Anne, ele acabou se transformando em uma das atrações mais procuradas de toda a Holanda (recebe um milhão de pessoas por ano) e muita fila começou a se formar. Para nos polpar desse transtorno, o site da Fundação Anne Frank permite comprar ingressos antecipados (com hora marcada), de forma super fácil (link abaixo).

Comprar ingressos online para a CASA DE ANNE FRANK

Ah, esse mesmo site também possibilita um passeio virtual pelo Anexo Secreto em 3D. Não perca!

9 comentários em “Tudo sobre a visita à CASA DE ANNE FRANK, em Amsterdã.

  1. Aline! Me emocionei e pude me sentir lá novamente. Parabéns pelo relato! E a dica da compra antecipada é ótima. Arnóbio e eu não quisemos marcar o dia e hora com antecedência e deixamos o último dia na cidade para essa visita. Ainda bem que tínhamos bastante tempo, pois só na fila ficamos quase umas 2 horas. Realmente é passeio imperdível em Amsterdã. 😘

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